Debandada tucana: PSDB perde 10 mil filiados após queda do poder em SP
No período de um ano, marcado pela derrota histórica na eleição ao governo e por brigas internas, o PSDB perdeu 10,3 mil filiados em SP
22/10/2023 05:38, atualizado 22/10/2023 05:38
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Hugo Barreto/Metrópoles
São Paulo – Partido que governou São Paulo por quase 30 anos, o PSDB enfrenta não só uma crise interna pelo comando do partido, com acusações de “golpe” de dirigentes paulistas contra a direção nacional, como também uma debandada de filiados no estado após deixar o poder.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSDB registrou uma queda de 10,3 mil filiações entre agosto de 2022 e agosto deste ano. De acordo com os registros, são 286 mil tucanos devidamente filiados à sigla no estado hoje.
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Atualmente, há 2,9 milhões de pessoas filiadas a algum partido político no estado. O PSDB foi o nono partido que, proporcionalmente, mais perdeu filiados em relação ao ano passado. Desde 2022, a sigla teve uma redução de 3,6%.
Sequência de derrotas
O PSDB colecionou uma série de derrotas em relação ao ano passado que lhe renderam a perda de projeção nacional e estadual.
Além do fiasco da pré-candidatura do ex-governador João Doria à Presidência da República, que deixou o partido pela primeira vez sem um candidato ao Planalto, o ex-governador Rodrigo Garcia foi derrotado no primeiro turno da eleição estadual e quebrou uma sequência de sete vitórias consecutivas dos tucanos em São Paulo — o partido comandou o estado entre 1995 e 2022.
Somado a isso, o PSDB encontra dificuldades em calcular quantos prefeitos permanecem filiados no estado. A perda de prefeituras têm sido de grande preocupação para os tucanos, que calculam a desfiliação de mais de 50 prefeitos desde o ano passado.
Um dos casos mais recentes é o do prefeito de Botucatu, Mário Pardini, que trocou a sigla tucana pelo PSD de Gilberto Kassab, em agosto deste ano. Notório articulador político, Kassab assumiu a Secretaria de Governo da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) de olho no “espólio político” do PSDB.
Em relação ao ano passado, o PSD foi um dos partidos com a menor redução no quadro partidário estadual, com apenas 1% de queda.
Briga interna
Presidente nacional do PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, suspendeu, na sexta-feira (20/10), a convenção estadual que seria realizadas no próximo dia 29/10.
Em nota, o presidente do diretório paulista tucano, Marco Vinholi, acusou Leite de “golpe” e afirmou que o governador gaúcho “não realizou uma filiação sequer no partido em SP, além de não ter realizado nenhuma ação para estancar qualquer saída”.
Questionado sobre o tema pelo Metrópoles, Leite afirmou nesse sábado (21/10) que a decisão foi tomada após ele ter recebido uma petição assinada pelos ex-deputados José Serra e José Anibal, nomes históricos do partido, com o intuito de “chamar a atenção para a desmobilização no nível local para as eleições na convenção estadual”.
“Estamos em um ambiente em que o PSDB, na última eleição, elegeu a menor bancada da sua história e que tem uma série de desfiliações acontecendo sem capacidade de resposta da atual Executiva para manter os filiados no estado de São Paulo, que é um diretório que sempre foi historicamente mais forte e está bastante fragilizado”, declarou o governador gaúcho.
Outros partidos
No quadro geral do estado, o Partido Novo foi o que mais encolheu em São Paulo, perdendo 8% de seus filiados. O MDB, do prefeito paulistano Ricardo Nunes e que apoiou Rodrigo Garcia no primeiro turno da eleição ao governo em 2022, perdeu 6%.
Na esteira da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado, o PT foi um dos partidos que menos encolheu no período — entre agosto de 2022 e agosto deste ano —, com uma redução de 2% em seu quadro de filiados.
Já o Republicanos, partido do governador Tarcísio de Freitas, e o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, observaram uma redução inferior a 1% nos seus respectivos quadros de filiados.
Apenas quatro partidos registraram crescimento no número de filiações em relação ao ano passado: Podemos (42%), Solidariedade (23%), Rede (20%) e PSol (17%). Os psolistas miram a Prefeitura da capital paulista em 2024, com a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos.
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