YouTube decide desmonetizar canais da Jovem Pan
Plataforma detectou veiculação de desinformação sobre o processo eleitoral no programa ‘Pingo nos Is’
Por Rafael Moraes Moura — Brasília
23/11/2022 15h15 Atualizado 23/11/2022
Jair Bolsonaro e jornalista Amanda Klein em sabatina da rádio Jovem Pan 06/09/2022 Reprodução/ Youtube
O YouTube decidiu nesta quarta-feira (23) desmonetizar todos os canais da emissora de rádio e televisão Jovem Pan na plataforma de compartilhamento de vídeos.
A decisão foi tomada por iniciativa da própria plataforma, e não por cumprimento de uma eventual decisão da Justiça.
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Procurado pela equipe da coluna, o YouTube informou que o canal do programa “Os Pingos nos Is” “incorreu em repetidas violações das nossas políticas contra desinformação em eleições e nossas diretrizes de conteúdo adequado para publicidade, incluindo as relacionadas a questões polêmicas e eventos sensíveis, atos perigosos ou nocivos, além de outras políticas de monetização”.
“Desta forma, suspendemos a monetização do respectivo canal e dos outros que integram a rede Jovem Pan no YouTube, de acordo com nossas regras”, esclareceu a empresa.
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Além de entrar na mira do YouTube, a Jovem Pan é alvo de um ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e investiga se a emissora deu “tratamento privilegiado” a Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha. A investigação foi aberta a pedido da coligação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente da emissora, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, é investigado no TSE por suposta prática de uso indevido dos meios de comunicação.
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Em defesa enviada no mês passado ao TSE, Tutinha alegou que a emissora pratica “jornalismo de opinião”, com enfoque “em debate sobre os fatos”, uma “opção editorial lícita e desejável para que a imprensa continue a ter relevância”.
O PT acusa a Jovem Pan de ter se tornando “o braço mais estridente do bolsonarismo”, com a difusão de ataques e fake news contra o sistema eleitoral, o Supremo e o TSE, além da promoção de uma “campanha difamatória” conta Lula em seus diversos programas transmitidos em rádio, televisão e no YouTube.
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Para o partido de Lula, a Jovem Pan é parcial e confere tratamento privilegiado a Jair Bolsonaro, que “vem irrigando os cofres da emissora com verbas públicas por meio de publicidade”, em montante que alcançou, em 2021, o triplo dos valores recebidos no último ano do governo anterior, de Michel Temer.
Na ação, o partido ainda critica a Jovem Pan por atacar a conduta de ministros do STF e do TSE, acusados de não serem imparciais por comentaristas da emissora, além de repetir informações falsas sobre as urnas eletrônicas, como a acusação de que o sistema não é auditável.